quinta-feira, 26 de julho de 2007

Onze Minutos

Apesar de socialmente a prostituição ser conhecida como a mais velha das profissões, em realidade ela constitui a segunda mais antiga, pois a “prática curativa”, através dos feiticeiros e xamãs (futura medicina) nasceu antes. Ao contrário do que se pensava nos anos 80, século passado, com o advento do HIV e da aids, a prostituição não foi de forma alguma extinta. Aconteceu exatamente o oposto, o número de pessoas de ambos os sexos, que aderiram a ela, aumenta a cada dia, tanto nas grandes como nas pequenas cidades.
Não se nasce prostituta. A prostituição não é uma doença determinada por algum gene moralmente desencaminhado. É, sim, uma doença social, originada nas redes das instâncias econômicas, educacionais e morais da sociedade.
Uma boa dica de leitura é o livro Onze Minutos, do autor Paulo Coelho (editora Rocco, 2003), o livro é baseado na história real de uma prostituta brasileira que trabalha na Suíça. Em seu duro aprendizado sobre os enigmas do amor e o prazer da sexualidade, ela amadurece precocemente e vê os sonhos de felicidade que alimentou na adolescência tornaram-se cada vez mais distantes. Solidão, desencanto, dissociação entre corpo e alma são parte de sua vida, mas ela ousa sair à procura do poder arrebatador da paixão. Por meio da história de Maria, Paulo Coelho aborda o lado sagrado do sexo.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Móbiles humanos no FIT

Está acontecendo em Rio Preto, de 9 à 21 de julho de 2007, a 7ª edição do Festival Internacional de Teatro de Rio Preto. Dentre várias, uma peça chama a atenção do público, a qual estive presente para conferir, no Centro de Eventos da cidade. Trata-se do espetáculo “Mobile Homme”, que conta com oito atores que ficam pendurados a 40 metros de altura em um imenso guindaste. A companhia francesa Transe Express criou esse móbile humano há 17 anos.
O espetáculo ocorre em dois atos: a primeira parte, chamada Les Tambours, constitui-se em um cortejo musical conduzido por soldadinhos de chumbo que, ao ganharem vida, dão o tom da trilha sonora que acompanhará toda a performance; já na segunda parte, o pelotão é erguido pelo guindaste-móbile e continua sua apresentação pelos ares.
Todos os artistas são percusionistas e têm de aprender a dominar o circo, a dança e o teatro, artes necessárias para apresentação nas ruas. E uma participação muito especial nesse espetáculo, foi a da fanfarra da Escola Municipal Profº Darcy Ribeiro, de Rio Preto. Os 40 integrantes deram um show na apresentação junto com a companhia francesa.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

A mulher e o pássaro - final

Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava para suas amigas, que comentavam: “Mas você é uma pessoa que tem tudo”. Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio – e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.
Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.
Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater em sua porta. “Por que você veio?”, perguntou à morte.
“Para que você possa voar de novo com ele nos céus”, a morte respondeu. “Se o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais; entretanto, agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo”.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

A mulher e o pássaro

Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, alegrar quem o observasse.
Um dia, uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção.
Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.
Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: “Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá”.
O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola.

Continua...